EMOÇÃO NA REPRESENTAÇÃO DA (DES)INFORMAÇÃO DA VACINA DA DENGUE
Palavras-chave:
Representação da informação; Análise de sentimentos; Desinformação; Saúde pública; Vacina.Resumo
Investigou-se a representação colaborativa da informação em redes sociais digitais, com foco nas estratégias discursivas e afetivas que moldam a circulação de conteúdos sobre vacinação. Adotou-se como objeto empírico postagens publicadas na plataforma X entre dezembro de 2023 e julho de 2024, relacionadas às hashtags #vacinadadengue, #qdenga e #presidengue. A pesquisa tem como objetivo discutir o papel das emoções na representação da informação enquanto prática informacional em saúde, especialmente em contextos de desordem informacional. Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa qualiquantitativa e exploratória, que integra análise documental em contextos digitais, análise de redes sociais, análise de discurso (de orientação foucaultiana) e análise de sentimentos. O tratamento dos dados foi realizado por meio de um script em Python, desenvolvido na plataforma Google Colab, que permitiu a extração, processamento, visualização e análise dos dados. Foram analisadas 528 postagens e 155 hashtags nelas contidas, considerando aspectos como recorrência, articulação entre atores sociais, centralidade discursiva e carga emocional. Os resultados apontam que a representação da informação nas redes sociais digitais não se restringe a reproduzir conteúdos factuais, mas envolve disputas de sentido, ativação de afetos e a mobilização de discursos de autoridade. A análise demonstrou que hashtags podem funcionar como marcadores de posicionamento ideológico e emocional, influenciando a forma como a informação é percebida, compartilhada e interpretada pelo público. Conclui-se pela necessidade de práticas de educação em informação em saúde que considerem a dimensão afetiva como um elemento problemático, capaz de gerar identificação emocional independentemente da veracidade do conteúdo. Essa constatação impõe desafios significativos ao enfrentamento da desinformação, na medida em que evidencia que o engajamento com a informação não se dá apenas por sua qualidade factual ou precisão, mas sobretudo por sua capacidade de mobilizar afetos, medos, crenças e pertencimentos.Downloads
Publicado
2025-10-09
Edição
Seção
Artigos