Resistência antimicrobiana em cepas de Escherichia coli isoladas de moluscos bivalves cultivados em Santa Catarina

Resumo

A Resistência aos Antimicrobianos (RAM) é considerada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) uma das maiores ameaças à saúde, segurança dos alimentos, desenvolvimento
e economia mundial. O estado de Santa Catarina é o maior produtor de moluscos bivalves no
Brasil. A água nas áreas de produção de moluscos bivalves é considerada veículo de
transmissão de importantes patógenos zoonóticos, dentre eles, a bactéria Escherichia coli. O
objetivo do estudo foi avaliar a ocorrência de RAM em cepas de E. coli isoladas de moluscos
bivalves cultivados em Santa Catarina. Foram analisados 37 isolados de E. coli provenientes de
mexilhões e ostras. A contagem de E. coli foi realizada de acordo com o método ISO 16649-3.
Colônias típicas foram testadas frente a 15 antimicrobianos: Ácido nalidíxico (30 µg),
amoxicilina + ácido clavulânico (20+10 µg), ampicilina (10 µg), azitromicina (15 µg),
aztreonam (30 µg), cefepime (30 µg), cefotaxima (5 µg), ceftazidima (10 µg), ciprofloxacino
(5 µg), cloranfenicol (30 µg), gentamicina (10 µg), meropenem (10 µg), sulfametoxazoltrimetoprim (23,75+1,25 µg), tetraciclina (30 µg) e tigeciclina (15 µg). A sensibilidade aos
antimicrobianos foi testada pelo método de difusão disco em ágar Mueller-Hinton de acordo
com as recomendações do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) e do Brazilian
Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (BRCast). Do total de isolados analisados
51,4% (n = 19) apresentaram resistência a pelo menos um dos antimicrobianos testados, sendo
que 13,5% (n=5) foram classificados como MDR (multirresistentes). Dentre os antimicrobianos
testados, os isolados apresentaram maior resistência à gentamicina (27%; n=10) e maior
sensibilidade ao cloranfenicol (100%; n=37). Os dados apresentados são resultados
preliminares de um estudo em desenvolvimento que pretende ser o primeiro no controle e
prevenção de RAM utilizando moluscos bivalves.