Relato
Resumo
Introdução: O crescente esforço de divulgação da CAA por profissionais da fonoaudiologia e organizações como o ISAAC tem levado uma maior quantidade de famílias de crianças com dificuldades complexas de comunicação a se interessar pelo seu uso. Contudo, elas ainda se deparam com muitas dúvidas, especialmente no que se refere a aspectos práticos de implementação da CAA. Nesse cenário, torna-se relevante não apenas o compartilhamento das experiências bem-sucedidas, como as informações mais detalhadas sobre os principais desafios e dúvidas com os quais se deparam os usuários de CAA e seus parceiros ao longo desse processo.Objetivos: Relatar a experiência de implementação da CAA a partir do ponto de vista de uma fonoaudióloga e da família de uma criança de 4 anos, não oralizada, destacando-se aspectos práticos, dúvidas e dificuldades identificadas durante um processo com mais de um ano e meio de duração. Busca-se também discutir os resultados observados na evolução das capacidades comunicativas da referida criança, contrapondo-os a alguns mitos que ainda confundem familiares de pessoas com necessidades complexas de comunicação.Público-alvo: Familiares de crianças que ainda não fazem uso de CAA, além de profissionais da saúde e da educação que tenham dúvidas sobre sua implementação.Descrição das ações desenvolvidas: Partindo de uma caracterização inicial da criança com necessidades complexas de comunicação, serão relatados os passos tomados pela fonoaudióloga que realiza o atendimento e por sua família, desde a busca por profissionais de referência para orientar a escolha do sistema de CAA, até as ações de adaptação às suas necessidades individuais. Reunindo as experiências da mãe da criança – que envolvem a realização de cursos para treinamento de parceiros de comunicação e tentativas de levar essas informações para o espaço escolar – e da fonoaudióloga que acompanha o processo na perspectiva da clínica, busca-se oferecer uma descrição ampla e complexa dessa experiência de implementação da CAA.Resultados: Ao tornar-se usuária de CAA, a criança demonstrou evolução na comunicação multimodal e na intencionalidade de estabelecer interações comunicativas com familiares e outras pessoas de seu convívio. Constatou-se também que o uso dos recursos para comunicação em diversos ambientes (casa, clínica, escola) ampliou suas possibilidades de ser compreendida, inclusive por pessoas que não fazem parte de seu convívio diário. Isso, ao lado da ampliação das possibilidades de expressão e narração de suas atividades, sentimentos e opiniões, atribui-lhe maior autonomia e independência.Conclusão: Os resultados obtidos com a implementação da CAA na experiência relatada evidenciam que seu uso é um direito fundamental de todo indivíduo com necessidades complexas de comunicação e, portanto, deve ser assegurado por todos os profissionais e familiares envolvidos em seu cuidado e educação. Comprovam também que a CAA não impede o desenvolvimento da fala e não deveria ser visto como um recurso excepcional, utilizado apenas eventualmente. Espera-se que, diante de tais informações, mais pessoas se comprometam com esse aprendizado e se engajem na defesa da CAA como garantia do direito de livre expressão de todo ser humano.Downloads
Publicado
2023-12-22
Edição
Seção
Artigos