RELATO DE CASO: BENEFÍCIOS DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NA ATENÇÃO DOMICILIAR PARA PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO
Resumo
Introdução: A presença de neoplasia maligna na região cervical, a depender de sua extensão, pode implicar em dispneia secundária a obstrução de vias aéreas, disfagia, dor, dificuldade no controle e posicionamento de cabeça, afasia, entre outras repercussões sociais e emocionais. Comumente há a necessidade do uso de dispositivos, tais como traqueostomia, sonda nasoenteral, cânula nasal ou máscara traqueal, entre outros. Nos casos em que a comunicação oral fica impossibilitada, estratégias de Comunicação Suplementar Alternativa (CSA) mostram-se de grande valia. Por tais razões, e considerando o grau de sofrimento, o curso da doença e a impossibilidade de cura, tais pacientes apresentam indicação de abordagem em Cuidados Paliativos. Objetivo: Descrever a contribuição do uso da CSA na Atenção Domiciliar junto a paciente em Cuidados Paliativos. Metodologia: Relato de caso, na modalidade descritiva, acerca do uso de recursos de CSA em contexto de atenção domiciliar em Cuidados Paliativos. Trata-se de paciente homem de 68 anos, que recebeu diagnóstico de neoplasia invasiva em região cervical. Ao exame histopatológico, confirmou-se carcinoma basocelular sem proposta cirúrgica curativa. O paciente recebeu alta hospitalar em uso de traqueostomia transtumoral, com cânula metálica, e sonda nasoenteral para alimentação, além da necessidade de suplementação de oxigênio continuamente e aspiração de vias aéreas. Devido ao perfil de complexidade, foi iniciado acompanhamento com equipe multidisciplinar via Serviço de Atenção Domiciliar, junto ao qual foram instituídos Cuidados Paliativos. Resultados: A referida equipe foi formada por médicas, enfermeiros, técnicas de enfermagem, nutricionista, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, assistente social e psicóloga. Durante o acompanhamento sob a abordagem de Cuidados Paliativos, buscando um cuidado longitudinal e holístico, diferentes estratégias de CSA se fizeram necessárias devido a afasia, e foram utilizadas conforme a evolução do quadro clínico, as necessidades e as preferências do paciente. A princípio, por se tratar de paciente alfabetizado, optou-se por técnicas de escrita a partir de cadernos, pranchetas e celular. Com o crescimento do tumor e o agravamento da caquexia, o posicionamento do paciente e a diminuição da força de membros superiores dificultaram o uso dos referidos materiais. Assim, foi inserida prancha com botões vocalizadores com mensagens relacionadas a sintomas físicos e necessidades de higiene, além de um botão para chamar sua esposa (única cuidadora). Tal recurso foi bem aceito e utilizado até sua última semana de vida, na qual devido a delirium terminal o paciente já não apresentava nível de consciência para comunicação. No acompanhamento pós óbito, a esposa relatou que essas estratégias foram importantes para garantir que o vínculo entre eles fosse preservado e para que o paciente pudesse expressar seus desejos, facilitando o seu cuidado diário. Conclusão: a partir do caso apresentado, fica evidente que a CSA é uma estratégia importante para implementação dos Cuidados Paliativos no contexto da Atenção Domiciliar, uma vez que possibilita melhor avaliação dos sintomas, desejos e expectativas do paciente com dificuldades na comunicação oral, bem como auxilia na qualidade da relação entre equipe, paciente e familiares.Downloads
Publicado
2023-12-22
Edição
Seção
Artigos