DIR FLOORTIME, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AUMENTATIVA E SÍNDROME DE ANGELMAN: NOVAS NARRATIVAS

Autores

  • Lais Donida
  • Eduarda Anzolin Pereira
  • MARIANA LUZIA CORRÊA THESING
  • LEANDRO ANTÔNIO THESING

Resumo

Introdução: O desenvolvimento de sujeitos neurodivergentes é uma temática em constante  estudo na área científica, contribuindo para que as pessoas com deficiência tenham, historicamente, seus direitos assegurados. A Síndrome de Angelman (SA) também se encontra nesse escopo, pois impacta, principalmente, o desenvolvimento sensório motor e de linguagem. A literatura, ainda, apresenta que há alterações cognitivas e visuais presentes (CALCULATOR, 2013). Entretanto, o que se observa é que os estudos encontrados na literatura narram corpos com deficiência sob a perspectiva biomédica e, portanto, limitam os “prognósticos” de desenvolvimento desses sujeitos. Além disso, os estudos acerca da linguagem e da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), nesses casos, são incipientes e/ou utilizam abordagens que não consideram a individualidade de cada caso. Objetivo: A partir do exposto, esse trabalho tem como objetivo apresentar um relato de caso em que a CAA foi proposta a partir dos princípios do DIR Floortime para uma criança com SA. Métodos: Os contornos metodológicos envolveram: i. O estudo das etapas de desenvolvimento a partir das tabelas de Desenvolvimento das Capacidades Funcionais Emocionais (FEDCs); ii. A análise do perfil individual da criança na relação com a família, a escola e com as terapeutas; iii. As possibilidades de uso da CAA dentro das FEDCs. Resultados: Os resultados revelam que o DIR Floortime possibilita que a criança estabeleça vínculos mais significativos de conexão com a família, as terapeutas e os atores da comunidade escolar. A partir da percepção das diferenças individuais, dos relacionamentos e dos aspectos de desenvolvimento da criança dentro do Modelo DIR, a CAA possibilitou tornar mais robustos os itens dos FEDCs. Foram explorados os três primeiros níveis FEDCS, sendo eles: 1. Manter a criança calma, atenta e regulada; 2. Estabelecer vínculos afetivos; 3. Desenvolver ciclos bidirecionais de comunicação (GREENSPAN; WIEDER, 1997; GREENSPAN; DEGANGI; WIEDER, 2001). A perspectiva adotada para o uso de CAA engendrou-se a partir da perspectiva vigotskiana de linguagem e aprendizagem, em que a mediação da família e das terapeutas, em contexto significativos de uso de símbolos imagéticos, demonstrou-se um aspecto central na construção do conhecimento conjunto (LETTO; SKARAKIS-DOYLE, 1994; VIGOTSKY, 2022). Conclusão: O Modelo DIR Floortime permite instituir um olhar singular e contemplativo acerca dos desafios do neurodesenvolvimento, em que se inserem as relações afetivas (principalmente com a família) como um cerne no desenvolvimento humano integral. Nesse sentido, o DIR Floortime é um Modelo de desenvolvimento humano integral, capaz de orientar familiares e terapeutas nas potencialidades dos sujeitos. Assim sendo, a CAA também precisa ser uma ferramenta que venha ao encontro do perfil individual de cada sujeito presente na interação. Com isso, o perfil sensorial, motor, linguístico, cognitivo e socioemocional da criança e da família devem ser levados em consideração e, ainda, que a CAA possa ser flexível para dar conta dos processos de mediação desenvolvidos por sujeitos em contextos e condições reais de uso da linguagem. Reitera-se que este trabalho corrobora com uma mudança de paradigma na literatura nacional com a finalidade de produzir narrativas mais inclusivas acerca de pessoas com desafios no neurodesenvolvimento.

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Publicado

2023-12-22