DIR FLOORTIME, CAA E AUTISMO: A FAMÍLIA COMO PONTO DE PARTIDA

Autores

  • Lais Donida
  • Taíse Cristiane de Souza
  • Nilton Jorge de Quadra
  • Débora Lima de Jesus
  • Sonia Claudia D.M. da Silva

Resumo

Introdução: Há muitos trabalhos que abordam o uso da Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA) em casos de pessoas autistas. Entretanto, muitos são os estudos que partem de práticas baseadas em abordagens comportamentais e, além disso, são incipientes as pesquisas que abordam o engajamento direto da família nesse processo (NORDLUND; FÄLDT, 2022; McCARTHY; LIGHT, 2023). É nesse contexto que a família se torna protagonista de todas as ações na ótica do DIR Floortime (GREENSPAN; WIEDER, 1997; GREENSPAN; DEGANGI; WIEDER, 2001). Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a participação da família no uso da CAA dentro do Modelo DIR Floortime para a mediação de uma criança autista. Métodos: Os contornos metodológicos englobam: i. O encontro da criança nas tabelas de Desenvolvimento das Capacidades Funcionais Emocionais (FEDCs); ii. A formação da família e da equipe para compreender as diferenças individuais da criança; iii. O desenvolvimento conjunto de pranchas de comunicação; iv. O desenvolvimento de contextos de interação carregados de significação afetiva. Resultados: Tornar a família protagonista das decisões permite empoderar não somente a eles, mas também validar as expressões socioemocionais da criança. Dessa forma, todas as condutas foram deliberadas em consonância com a família, incluindo a opção pelo Modelo DIR Floortime. Sendo uma criança com um nível de suporte 3 e comorbidades que impactam a autonomia, a compreensão dos aspectos da linguagem e do uso da CAA obrigatoriamente passaram por uma análise sensorial, motora, linguística, socioemocional e cognitiva a partir das tabelas FEDCs. Posteriormente, foi realizada a formação da equipe e da família, a qual não perpassa uma figura de hierarquia, mas uma construção dinâmica conjunta de conhecimentos. Na sequência, a CAA foi pensada como um elemento de mediação das práticas de interação em que a criança está exposta diariamente, principalmente como uma ferramenta de mediação com a família (WALLER, 2019). Nesse momento, a família (mãe, pai e irmão) passaram a desenvolver recursos em suportes de alta e baixa tecnologia, com o auxílio de uma das fonoaudiólogas da equipe. Por fim, a CAA foi pensada para o desenvolvimento de contextos de interação carregados de significação afetiva para a criança. A partir disso, a mediação ocorreu respeitando o perfil motor e sensorial da criança e possibilitando a aproximação significativa com os elementos imagéticos (RIPAT, 2019). Atualmente, a criança e a família ainda estão em processo de empoderamento para o uso da CAA em diversos contextos. Conclusões: O DIR Floortime, nesse cenário, tem muitas contribuições a serem apresentadas para pessoas com desafios no neurodesenvolvimento e estratégias de comunicação para pessoas com necessidades complexas de comunicação. O uso da CAA a partir do Modelo DIR Floortime deve preconizar o encontro da criança nas capacidades funcionais emocionais e, a partir daí, expandir os ciclos de comunicação e possibilitar a quebra de barreiras comunicacionais. A família é, portanto, um elemento central nesse modelo e o empoderamento para o reconhecimento das capacidades, possibilidades e desafios da criança permite desenvolver condutas mais assertivas e diminuir a desistência no uso e implementação de CAA (SMIDT; PEBDANI, 2023).

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Publicado

2023-12-22