A Vídeo Modelação como metodologia para implementação de Comunicação Suplementar e Alternativa: um estudo comparativo
Resumo
A Vídeo Modelação (VM) é uma metodologia baseada na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que consiste na utilização de vídeos onde a habilidade a ser desenvolvida é representada por um modelo, o que facilita a compreensão da tarefa. O presente projeto de pesquisa propôs disponibilizar um programa de Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) a uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e necessidades complexas de comunicação. Seu objetivo principal foi avaliar a eficácia de dois tratamentos aplicados alternadamente: a implementação do Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) isoladamente e a implementação deste mesmo sistema associado ao uso da VM. O participante da pesquisa foi uma criança de cinco anos, matriculada na Educação Infantil. Os instrumentos utilizados foram protocolos de registro, entrevistas, questionários, a aplicação das Fases I a VI do PECS e os vídeos gravados especificamente para utilização na pesquisa. O estudo utilizou um Delineamento de Sujeito Único do tipo AB. Neste tipo de delineamento, a Fase A corresponde à observação das habilidades antes do início da intervenção, e a Fase B corresponde à fase de intervenção, quando é introduzida a variável independente, neste caso, o PECS. A este delineamento foi associado um Delineamento de Tratamentos Alternados (AATD), aplicando dois procedimentos: PECS versus PECS associado à VM. Os resultados demonstraram que a partir da introdução do programa houve uma imediata mudança na aquisição das habilidades-alvo pelo participante, habilidades que não foram observadas antes do início da intervenção. Para verificar a eficácia dos tratamentos alternados, os resultados obtidos com as duas intervenções foram comparados, estabelecendo-se como critério o número de acertos do participante e independência no uso do sistema alternativo de comunicação. Foi possível verificar que a aplicação do programa associado à modelação em vídeo foi mais eficaz, alcançando uma porcentagem média de acertos de 95% contra 86% da aplicação do PECS isoladamente, além de apresentar maior nível de independência do participante. A partir desta constatação, as demais fases do PECS (da Fase II à Fase VI) foram aplicadas com o uso da VM. A criança com TEA participante da pesquisa aprendeu não só a comunicar-se funcionalmente utilizando o PECS como metodologia de comunicação alternativa, como desenvolveu a fala e outras habilidades comunicativas, ausentes antes da intervenção. A análise dos dados permitiu concluir que a utilização da Vídeo Modelação é um recurso que pode otimizar a aprendizagem, reduzindo o tempo de intervenção. Os resultados desta pesquisa concordam com a literatura, que indica a VM como uma prática baseada em evidências, pois sua utilização contribuiu para que o participante completasse todas as fases do PECS com excelente aproveitamento, maior nível de independência e num tempo efetivamente menor que o descrito nos estudos da área. A introdução de programas estruturados de CSA pode, portanto, desenvolver habilidades comunicativas de forma mais rápida e eficaz quando associada à estratégia da modelação em vídeo, acrescentando novas possibilidades para os profissionais envolvidos em sua implementação.Downloads
Publicado
2023-12-22
Edição
Seção
Artigos