A Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) no Bilinguismo Concomitante (Língua Portuguesa e Libras)

Autores

  • Eliane de Souza Ramos
  • Grasiela Filomena de Souza
  • Maria Luisa P. Benedetti
  • Marisol Regina Pavani de Oliveira
  • Roberta Maria Spajari Anibal

Resumo

Introdução Em um dia letivo de 2023, Gabriela (nome fictício), aluna do 5º ano do Ensino Fundamental que pratica o Bilinguismo Concomitante (Língua Portuguesa e Libras), em uma turma da Rede Municipal de Educação de Amparo/SP, começou a chorar no recreio.Seus colegas e professoras, considerados ouvintes, a acolheram sinalizando na Libras. Gabriela permanecia chorando e não encontrava caminhos na linguagem que possibilitassem ao grupo compreender o que ela desejava comunicar. Até que um de seus colegas de turma disse: “Vamos buscar o livro novo de comunicação da Gabriela na sala de aula, quem sabe a gente consegue compreender o que ela está dizendo”.Foi então que Gabriela contou a todos, sinalizando e simbolizando, que estava triste e com medo, pois sua bisavó havia sido internada e não estava bem. Objetivos Pretendemos com esse Relato de Caso evidenciar que a linguagem simbolizada, que acontece por meio da CSA, enriquece a prática do Bilinguismo Concomitante (Língua Portuguesa e Libras), torna a interação e a comunicação mais acessível e gera a inclusão escolar. Descrição do caso e das ações desenvolvidas Gabriela estuda na Rede Municipal de Educação de Amparo/SP desde os 3 anos, em turmas que praticam o Bilinguismo Concomitante. Ela é considerada surda, faz uso de Implante Coclear e se comunica predominantemente pela Libras.Em 2022, as professoras do ensino comum – regente e de Libras, a professora de educação especial, a coordenadora do Programa de Educação Inclusiva do Município, a assessora externa em inclusão escolar, acessibilidade e Bilinguismo Concomitante e a mãe da criança, passaram a enriquecer o Bilinguismo Concomitante com a CSA.Em 2023 organizaram reuniões mensais para construir um Sistema Robusto de Comunicação para Gabriela, em baixa tecnologia. Em 3 meses foram produzidas 27 versões do Sistema até que se chegou à primeira versão “final”. Para produzir o Sistema utilizamos listas (manuscritas) feitas pelas professoras, fotos da família e dos amigos disponibilizadas pela mãe da aluna, trocas de mensagens via WhatsApp e a análise dos livros didáticos utilizados pela escola. Definiu-se coletivamente quantas e quais seriam as categorias do Sistema, as cores das abas, a quantidade de símbolos por página e a sequência dos conteúdos. Resultados e Conclusão Gabriela:- Se manteve engajada na construção do seu Sistema Robusto de Comunicação em baixa tecnologia- Se identificou com o seu Sistema e passou a utilizá-lo sem resistências em casa e na escola- Construiu relações intelectuais, via abstração reflexiva, ao explorar o seu Sistema- Ampliou significativamente suas narrativas construídas na Libras e enriquecidas com a CSA- Passou a contar com o engajamento sistemático e consistente da família, pela participação ainda mais ativa da sua mãe nas atividades escolares- Interage e comunica com seus colegas de turma e professoras, que, além de bilíngues, estão se tornando fluentes na CSA Concluímos que a CSA enriquece a prática do Bilinguismo Concomitante, potencializa as acessibilidades comunicacional, interacional, linguística, gramatical, pedagógica, educacional e gera ainda mais inclusão escolar.

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Publicado

2023-12-22