Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA): práticas inclusivas na Educação Infantil

Autores

  • Jaqueline de Oliveira Costa Melo

Resumo

Em meio às diversas crianças matriculadas na educação infantil estão aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), definido por dificuldades na interação social e na comunicação, além de comportamentos restritos e repetitivos. Perante esse fato, o diagnóstico de autismo pode incluir uma complexa e ampla gama de características, com diferentes níveis de severidade e apresentar comorbidades com outros transtornos. Isso torna cada sujeito único. Além disso, deve ser levado em consideração que a comunicação é imprescindível para o desenvolvimento humano logo, uma pessoa no meio social desprovida dessa capacidade pode sofrer grandes impactos no seu processo de formação e na qualidade de vida. A prática em questão foi realizada no ano de 2022 em uma escola pública de ensino regular de educação infantil localizada no município do Rio de Janeiro. A turma de educação infantil era composta por vinte crianças na faixa etária dos quatro aos cinco anos, sendo uma delas com suspeita de TEA. Tal hipótese foi confirmada em setembro do mesmo ano. A proposta teve a intenção de estimular as crianças que não se comunicavam verbalmente a aumentar seu vocabulário ou compreender o que era solicitado. O recurso utilizado para alcançar esse objetivo foi considerado de baixa tecnologia, uma vez que consistiu em cartões de comunicação alternativa impressos e plastificados, disponibilizados numa superfície de papelão com velcron. A professora grudava os cartões da rotina, conforme as atividades ou ações ocorriam, apontava e nomeava o cartão. Quando finalizava, mostrava o cartão e o guardava em uma caixa intitulada “acabou”. Ao longo dos meses, aos poucos a criança foi estimulada diariamente a utilizar o recurso, pela professora e pelos colegas, resultando na ampliação do seu vocabulário e na vontade de se expressar oralmente. Ao folhear os livros, apontava e perguntava o nome das imagens e os repetia; ao chegar na escola, cumprimentava algumas pessoas, dizendo: “oi, tudo bem?”; ao perceber que algum colega ia embora, dizia: “tchau”; ao querer algo, dizia: “me dá”. Algo também digno de nota é que, no início não sinalizava suas necessidades fisiológicas, sujando assim sua roupa. No entanto, com o auxílio dos cartões, compreendeu e começou a sinalizar com “xixi” quando queria ir ao banheiro. Depois, passou a usar a palavra “banheiro”. No final no ano, já sinalizava com a seguinte frase: “posso ir ao banheiro?” Percebeu-se, que a utilização do recurso favoreceu o aumento do vocabulário da criança e estimulou sua comunicação por meio da fala, visto que, no início do ano, sua maneira de comunicar suas necessidades e frustações era por meio de choros e balbucios, mas ao final do referido período, já falava algumas frases. A estratégia utilizada pela professora favoreceu a acessibilidade comunicacional da criança e estimulou as outras crianças a serem parceiros de seu processo de comunicação. Essa vivência com a turma da pré-escola propiciou uma melhor compreensão sobre reciprocidade, respeito com os outros e reconhecimento das diferenças que constituem as pessoas, além da capacidade de apoiar a comunicação autônoma da criança que utiliza o recurso.

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Publicado

2023-12-22