Sistemas robustos são soluções para todos?
Resumo
INTRODUÇÃO A utilização de sistemas robustos tem sido apresentada nas mídias sociais e cursos como importante estratégia de estimulação de linguagem e apoio à comunicação de pessoas com necessidades complexas de comunicação. Na prática clínica, muitas pessoas necessitam de outras formas de organização para iniciar.OBJETIVOS Discutir a indicação de sistemas de Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) através da apresentação de dois casos, valorizando um raciocínio clínico que prospecte o aprendizado de habilidades e ampliação gradativa deste sistema.DESCRIÇÃO João, 9 anos, demonstrava interesse visual reduzido para os símbolos que eram apresentados um de cada vez, no tablet, com feedback auditivo; realizava o toque na tela e em seguida colocava o tablet próximo ao ouvido para escutar. Foi elaborada uma pasta com símbolos em uma organização que pudesse ser reproduzida no aplicativo futuramente. Os símbolos eram retirados da pasta, um a um, para antecipar o que iria acontecer e para representar brinquedos e músicas. No tablet, foi iniciado o uso de aplicativo de fotos com som, estimulando a produção de narrativas. Eleonora, 6 anos, apresentava interesse visual reduzido para os símbolos físicos e frequentemente os levava à boca. Optou-se por apresentar símbolos no aplicativo TDSnap de um único símbolo por vez, com feedback auditivo, que antecipava a atividade que seria realizada ou modelava a fala do terapeuta. Era estimulada a escolher com toque na tela; conforme percebia como deveria ser o movimento de tocar e planejava esta ação motora, eram apresentados dois, depois quatro e então seis. O vocabulário era acrescentado conforme os sentidos construídos na relação com o terapeuta e parceiros do domicílio e da escola, contendo vocabulário essencial, sentimentos e comentários. Eleanora passou a apresentar expressiva alteração de comportamento quando não podia assistir vídeos no tablet. Optou-se pela utilização de uma versão impressa e plastificada do conteúdo da prancha e algumas páginas também afixadas nos ambientes da casa.RESULTADOSJoão passou a dirigir o olhar para os símbolos e buscá-los para fazer escolhas. Na apresentação de duas opções, bate a mão; utiliza palavras de vocabulário essencial para indicar se deseja continuar a mesma atividade ou não. Mantém-se atento e demonstra satisfação ao apresentar as narrativas.Eleanora passou a fazer a análise visual das páginas de sua prancha de comunicação com seis elementos e se organizar motoramente para apontar sua escolha. Tem iniciativa para buscar a pasta ou indicar nos símbolos do ambiente da casa para se comunicar.CONCLUSÃOA experiência construída no atendimento de diversas pessoas com necessidades complexas de comunicação indica que a implementação de um sistema de CSA requer um olhar particular para cada sujeito atendido, avaliando suas habilidades, dificuldades e necessidades de comunicação nos diferentes contextos do seu cotidiano. Os recursos utilizados podem ser variados e devem permitir modificações ao longo do tempo, visando ampliar as funções comunicativas a serem desenvolvidas. Apesar de todas as vantagens reconhecidas de utilização de sistemas robustos, para alguns sujeitos a grande quantidade de informação pode não ser a melhor forma de iniciar.Downloads
Publicado
2023-12-22
Edição
Seção
Artigos