Do PECS ao PODD: CAA em alta tecnologia para uma criança autista.

Autores

  • Cristina Esteves

Resumo

Introdução: O aumento dos diagnósticos de Autismo trouxe mais crianças com déficits na comunicação social para os serviços de fonoaudiologia. O uso da acessibilidade comunicativa, bem como os recursos e sistemas de CAA, passaram a ter maior visibilidade para esta população e os avanços referentes ao uso de sistemas robustos nesta população ainda estão sendo relatados.Objetivo: relatar o caso de um paciente  com necessidades complexas de comunicação e Transtorno de desenvolvimento de linguagem como parte dos seguintes  diagnósticos: Hipotonia Congênita e Transtorno do Espectro do Autismo. As informações contidas neste resumo foram obtidas por meio de revisão do prontuário,  entrevista com os familiares do paciente, registro de vídeos e revisão da literatura.Descrição:  Paciente D.L., sexo masculino, 4 anos, usuário do sistema PECS - Picture Exchange Communication System - de comunicação  em baixa tecnologia. Na avaliação inicial observou-se que D.L. era capaz de realizar  pedidos para itens presentes (fase I), mediante a pergunta do interlocutor ‘o que você quer?’ e apresentava habilidades pragmáticas referente a níveis elementares de linguagem utilizando a expressão  corporal e por vocalizações ininteligíveis.  D.L não realizava uso funcional de objetos e sua brincadeira preferida era espalhar peças. A avaliação pautou-se no Protocolo de Observação Comportamental, Matriz de Comunicação e nos critérios do PECS.A criança iniciou a terapia com frequência de 4x por semana e já no primeiro ano (2020) de intervenção além da construção de uma atmosfera de treinamentos e incentivos aos parceiros de comunicação - equipe multidisciplinar e familiares -  foi observado um aumento da intenção comunicativa para itens motivadores  e D.L. avançou rapidamente na quantidade de parceiros de comunicação e nas fases do sistema. De tal modo, quando chegou a pandemia D.L. estava em fase V do sistema de baixa tecnologia menos robusto. Concomitantemente iniciamos a apresentação do sistema em alta tecnologia (aplicativo PECS IV+) e as terapias passaram a ter formato síncrono e assíncrono realizadas pela mãe. Nas reavaliações anuais de D.L. o planejamento sempre era ajustado e, desta forma em: 2021 foi realizada uma adaptação no sistema PECS de alta tecnologia que não permitia uma navegação satisfatória, para atingirmos mais funções pragmáticas. Em 2022 mantivemos o PECS em alta tecnologia e utilizamos pranchas situacionais de baixa tecnologia para realizar a migração para um sistema robusto em alta tecnologia com organização pragmática inspirada numa versão do PODD 15 de Gayle Porter. Concomitante montamos o mesmo conjunto em inglês devido a uma necessidade de mudança de país.Resultados: Em 2023, D.L. apresentava habilidades consistentes para conquistar a atenção de parceiros, ampliou os pedidos (ajuda, pessoas, eventos), expandiu os motivos para rejeitar ou negar algo, passou a nomear ações e fazer comentários sobre si e sobre eventos.Conclusão: D.L apresentou evolução significativa -  conforme reavaliação da Matriz de Comunicação -  nas razões pelas quais se comunicava  e nas formas de se comunicar quando obteve acesso a um sistema robusto de comunicação em alta tecnologia e com organização linguística  pragmática.

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Publicado

2023-12-22