De escravo a governador: a glorificação em José (1995) como obliteração racial
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Resumo
A partir da escavação de Ferreira da Silva (2019) como método, este artigo investiga as condições de possibilidade da narrativa de glorificação sacrificial no filme Coleção Bíblia – José como expressão da lógica de obliteração racial. Mapeamos os fatores que tornam essa ficção uma ferramenta produtiva da dialética racial, analisando a jornada do escravizado que se torna governador, que ativa a ideia de autodeterminação, um ideal inalcançável para pessoas racializadas, reduzidas à condição de Coisa hegeliana sem valor. Discutimos como a ordenação do mundo, onde pessoas racializadas morrem sem provocar uma crise ética, mobiliza os poderes da ficção e as ficções de poder (Mombaça, 2016), capturando a imaginação política e gerindo afetos por meio da cultura narrativa dominante que legitima a exclusão desses sujeitos. Para isso, propomos um ciclo de afetos baseado na dialética racial, estruturado na oscilação entre medo e esperança, elementos centrais para a subjugação racial.
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Trabalhos