“TODO O SEU AZEDUME”: a construção moral da solteirona em jornais brasileiros do século XIX
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Resumo
Neste artigo, examino a construção moral da solteirona em publicações feitas em jornais brasileiros durante o século XIX. Com isso, identifico quais enunciados são produzidos sobre mulheres solteiras na mídia oitocentista e mapeio como sentimentos morais, especialmente a simpatia, são mobilizados ao tratar das solteironas. Para analisar a emergência desta personagem moderna, seleciono 15 folhetins e extratos de variedades publicados entre 1850 e 1880 acessados em buscas no repositório da Hemeroteca Digital. Nos materiais, há a estigmatização da solteirice como chaga moral e desvio patológico da “natureza feminina”, capaz de levá-las ao desprestígio social. O retrato das solteironas na mídia do século XIX como dotadas de inveja e ódio contribui para a idealização da conjugalidade como destino “natural” do feminino, além de suprimir a possibilidade da solidão e do direito a práticas solitárias por meio da condenação de sua autonomia.
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