As imagens héautonomes de Marguerite Duras e as descrições disjuntivas de Gustave Flaubert
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Resumo
Pretendemos, com este estudo, produzir aproximações entre um tipo de relação vista em imagens do cinema de Marguerite Duras e as descrições disjuntivas, fartamente observadas na prosa do escritor Gustave Flaubert. Nas imagens de Duras, uma dissociação entre as componentes visuais e sonoras lhes conferem a condição paradoxal de uma autonomia relacional, lugar de uma diferença constitutiva e irreconciliável, que as caracteriza como imagens héautonomes (DELEUZE, 2006); Já as descrições de Flaubert, disfuncionais e aberrantes, racham a “conexão representacional mantida entre as palavras e as coisas” (FOUCAULT, 2000). Não nos interessa, entretanto, conferir continuidade histórica entre a escrita de Flaubert e o cinema de Marguerite Duras, pois as relações se produzem nas rupturas. Assim, indagamos: de que modo as condições epistêmicas oferecidas pelas potencialidades expressivas do cinema propiciaram à Duras a radicalização do projeto flaubertiano e a efetiva dissolução da representação?