O perfil de resistência antimicrobiana tem influência sobre a resistência ácida de Salmonella?

Resumo

Na atualidade, a resistência antimicrobiana é um relevante problema de saúde
pública. Dentre os micro-organismos que vêm ganhando destaque entre os
multirresistentes (MDR) está a Salmonella, um importante patógeno de veiculação
alimentar. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência da resistência antimicrobiana
sobre o comportamento de Salmonella quando exposta a condições de diferentes pHs.
Para isso, foram avaliadas 40 cepas do patógeno com diferentes perfis de resistência
antimicrobiana - 23 multirresistentes (MDR), 9 resistentes (R) e 8 sensíveis (S), isoladas
de aves, ovos, bovinos, vegetais e amostras clínicas de humanos. Tubos contendo 4 mL
de caldo tripticase de soja (TSB) com pHs 7,2 (controle), 3,5 e 3,0 foram inoculados com
6,0 log UFC/ml de cada cepa. Os tubos foram incubados por 0, 2, 4, 6 e 8 h a 37 ºC. Em
seguida, a contagem de Salmonella foi determinada em ágar tripticase de soja (TSA), com
incubação a 37 ºC por 24 h. No pH 7,2 todas as cepas apresentaram comportamento
similar (p > 0,05), com incremento de aproximadamente um ciclo logarítmico a cada 2 h
de incubação. Em pH 3,5 a população bacteriana variou de 5,7 a 4,2 log UFC/ml nas
primeiras 4 h. Após 8 h, foi observada diferença significativa na contagem para apenas
uma cepa (S) isolada de humano (p< 0,05). Em pH 3,0 as reduções nas contagens de
Salmonella variaram de 1,0 a 5,5 log UFC/ml. Após 2 h, 10 cepas atingiram o limite de
detecção (<1,0 log UFC/ml), 5S e 5MDR, isoladas de carne de frango, humanos e
vegetais. Portanto, os resultados indicam que a resistência a acidez não está diretamente
relacionada à resistência antimicrobiana.