Surtos associados ao consumo de hortaliças no Brasil
Palavras-chave:
Doenças transmitidas por alimentos, Contaminação de alimentos, Saúde PúblicaResumo
As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são consideradas um importante e
crescente problema de saúde pública e representam uma causa relevante de morbidade e
mortalidade em todo o mundo. As DTA são resultantes da ingestão de alimentos ou bebidas
contaminados, principalmente por uma variedade de bactérias, vírus e parasitas. No Brasil, o
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica de Doenças Transmitidas por Alimentos do
Ministério da Saúde publica relatórios sobre os surtos de DTA ocorridos no país desde 2000.
O presente estudo teve como objetivo mapear os surtos de DTA associados ao consumo de
hortaliças ocorridos no Brasil entre 2000 e 2021, a partir de dados do Ministério da Saúde.
Nesse período, foram notificados 14.588 surtos em todo o país, resultando em 266.247
doentes e 212 óbitos. Entre esses, 153 surtos, com 13.410 indivíduos expostos, 3.582
indivíduos doentes e duas mortes foram associados ao consumo de hortaliças. Dos surtos
ocasionados por hortaliças notificados no Brasil, o patógeno não foi identificado para a
maioria dos surtos (25,5%). Escherichia coli (17,6%), Salmonella spp. (16,3%) e Bacillus
cereus (13,1%) foram os agentes etiológicos mais frequentemente relatados. Outros
microrganismos também foram citados, como Staphylococcus aureus (9,2%), Clostridium
perfringens (2%) e Clostridium botulinum (1,3%). Restaurantes, padarias e residências foram
apontados como principal local de ocorrência na maioria dos surtos (20,3%), seguidos de
outras instituições (19%) e creches/escolas (5,2%). No entanto, acredita-se que os números de
doenças associadas ao consumo de hortaliças e outros alimentos seja mais elevado, tendo em
vista que as DTA são subnotificadas em todo o mundo. De modo geral, a notificação de surtos
de DTA é fundamental para facilitar ações de saúde pública, subsidiando planos de prevenção
e controle da segurança dos alimentos e visando reduzir os riscos à saúde da população.