Quantificação de contaminantes inorgânicos em suco de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e estimativa de exposição humana

Resumo

Existem poucas informações disponíveis na literatura sobre a relação entre toxicidade do solo
amazônico e plantas comestíveis cultivadas neste ambiente, como o açaizeiro. Assim, o presente
trabalho propõe-se a mensurar a concentração de contaminantes inorgânicos (Al, Pb e Ni) em
amostras de suco de açaí (n= 18) coletadas em municípios Paraenses (Abaetetuba, Barcarena e Ilha
do Combú) e estimar a exposição humana a estas substâncias potencialmente tóxicas. As amostras
foram coletadas em propriedades distintas a partir de 3 cachos de fruto de açaí, sendo a amostragem
realizada nos anos de 2014 e 2018. Para o despolpamento e o preparo do suco, foi utilizada uma
proporção de 700 mL de água por kg de fruto. Os contaminantes inorgânicos foram determinados por
espectrometria de absorção atômica com atomização em forno de grafite e chama e digestão por
radiação de microondas sob alta pressão. Os dados obtidos de concentração foram combinados com
um valor de consumo diário de 500 mL de suco de açaí por pessoa, de acordo a equação: IDE
(Ingestão Diária Estimada) = ((Concentração em mg/kg) x (Consumo em kg))/peso corpóreo (pc).
Considerou-se como pc médio da população o valor de 60 kg. As concentrações dos contaminantes
(mg/kg) variaram de 1,82-11,74 para o Al, 0,04-0,53 para o Pb, e 0,18-0,78 para o Ni. Para o Pb, 17
amostras apresentaram concentração acima de 0,05 mg/kg, que corresponde ao limite máximo
tolerado estabelecido pela ANVISA para sucos. Os valores IDE (mg/kg pc) variaram entre 0,015-
0,112 para o Al e 0,0015-0,0055 para o Ni, e encontram-se abaixo dos níveis considerados seguros.
Para o Pb, a IDE variou entre 0,0003-0,004 mg/kg pc, entretanto, este elemento não possui atualmente
um nível seguro de ingestão estabelecido. Os resultados obtidos indicam a necessidade de um
monitoramento de contaminantes inorgânicos em produtos do açaizeiro obtidos das regiões
estudadas.