Análise da prevalência de genes de resistência em genomas de bactérias portadoras do gene mcr isoladas de alimentos no Brasil
Palavras-chave:
Resistência antimicrobiana, Cadeia produtiva alimentar, Genomas, Animais de produçãoResumo
Polimixinas são antibióticos de última linha para tratar bactérias multirresistentes. A
resistência a essa droga tem ocorrido devido à pressão seletiva causada pelo uso inadequado,
principalmente na agricultura. A presença do gene plasmideal mcr é responsável pela
disseminação horizontal da resistência as polimixinas, principalmente, através da cadeia de
produção alimentar, reforçando a importância da vigilância na detecção da resistência neste
setor. Objetivou-se analisar a prevalência de determinantes de resistência em genomas de cepas
carreadoras do gene mcr isoladas de alimentos e/ou animais produção no Brasil. Os dados dos
genomas foram coletados em 13/09/22 a partir do banco de dados genômicos NCBI, utilizando
a ferramenta Pathogen Detection. Utilizou-se os filtros: genótipo mcr; localização, Brasil; tipo
de isolado, ambiental/outros. Foram coletados 67 genomas, destes, considerou-se apenas
àqueles com o gene mcr completo e isolamento a partir de alimentos ou animais de produção.
Assim, foram selecionados e analisados 23 genomas, sendo 18 Salmonella enterica, 04
Escherichia coli e 01 E. fergusonii). Dentre estes, apenas as variantes mcr-1.1 e mcr-9.1 foram
detectadas. A maioria das cepas foram isoladas de produtos de frango, peru, porco ou do próprio
animal. Dos genomas de S. enterica, 12 apresentavam genes de enzimas modificadoras de
aminoglicosídeos (EMAs); dos genes de β-lactamases, 09 apresentavam blaTEM, 02 blaCTX-M e
01 blaCMY. Além disso, 06 apresentavam genes qnr (resistência à quinolonas). Entre
Escherichia spp., todas apresentaram genes aadA (EMA); 04 carreavam genes de resistência à
sulfametoxazol/trimetoprim (dfrA e sul) e 03 apresentavam o gene blaCTX-M-2; a presença de
vários genes de bombas de efluxo (acrF, emrD, mdtM, sat2 e tet) também foi detectada. Assim,
destaca-se as associações entre o gene mcr e β-lactamases, reforçando a análise genômica como
uma importante ferramenta na vigilância da disseminação de mecanismos de resistência em
bactérias oriundas da cadeia produtiva de alimentos.